FENABRAVE prevê um ano de fraca performance no setor
A previsão da Fenabrave é de crescimento dos emplacamentos de motos e implementos rodoviários este ano de 3,3%, para 3,66 milhões de unidades.
As vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos em 2023 devem ficar praticamente estáveis ante o ano passado estimou nesta quinta-feira a associação de distribuidores, Fenabrave, em uma previsão que se for cumprida marcará um terceiro ano de fraca performance do setor.
A expectativa da entidade é que os licenciamentos de veículos novos este ano cresçam apenas 0,1% ante 2022, para 2,105 milhões de unidades. Em 2022, as vendas somaram 2,104 milhões de veículos novos, queda de 0,7% ante 2021.
Fatores como declínio da renda, juros elevados, falta de componentes na produção que restringem a oferta de modelos mais acessíveis e mudanças de tecnologia são apontados pelo setor como motivos para o desempenho de uma indústria que tem capacidade de produção de 4,5 milhões de veículos por ano, mas que desde 2015 tem registrado vendas de cerca de metade deste volume, com exceção dos 2,8 milhões de unidades de 2019.
“Com falta de produto, a montadora produz o que dá mais resultado”, disse o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Junior, se referindo aos modelos mais rentáveis como utilitários esportivos e picapes. “O volume (de vendas) é fundamental para tudo, mas está sendo feito o que é possível neste momento em que há escassez de peças e incertezas” macroeconômicas, acrescentou.
Como incertezas, o dirigente e a consultora contratada pela Fenabrave Tereza Fernandez para traçar as projeções da entidade citaram a guerra na Ucrânia, que segue sem previsão de desfecho, alta nas infecções de Covid-19 na China, que ameaçam o fornecimento de componentes eletrônicos às montadoras, e quais serão as medidas que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva deve adotar para permitir a redução dos juros da economia.
Os dados da Fenabrave indicam de maneira indireta um ambiente de restrição de renda da população para aquisição de veículos, com base nas perspectivas para motocicletas e ônibus, os dois únicos segmentos do universo coberto pela entidade a terem previsões de crescimento mais significativo para este ano.
A estimativa para motos é de alta de 9% nas vendas, para 1,48 milhão de unidades, puxada pela demanda de entregadores de aplicativos, segundo a entidade. Já a perspectiva para ônibus é de crescimento de 5%, para 22,95 mil veículos, guiado pela procura por viagens rodoviárias, diante da forte alta nos preços das passagens aéreas, disse Andreta Junior.
“Tem muito cliente também que não está conseguindo usar o automóvel pelo custo de combustível… Os preços das passagens aéreas estão explodindo e isso nos leva a crer que isso aumente a demanda por ônibus também”, afirmou o presidente da Fenabrave a jornalistas.
Incluindo motocicletas e implementos rodoviários, a previsão da Fenabrave é de crescimento dos emplacamentos este ano de 3,3%, para 3,66 milhões de unidades.
Segundo Fernandez, o “cenário está muito difícil de ser quantificado porque variáveis internas e externas estão bastante amplas”. Ela afirmou que o “mercado de crédito para veículos tem desacelerado nos últimos meses… Com aumento da inadimplência, os bancos estão ficando mais restritivos sobre crédito”. Os calotes em financiamento de veículos, segundo ela, estão em 5,5% ante um patamar histórico de 3%.