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Os transportadores de produtos químicos têm enfrentado um cenário conturbado desde o fim do ano passado.

O aumento de custos com inspeção de veículos e com a expedição de licenças em alguns municípios se somou à alta do combustível e dos pedágios, o que trouxe queda de rentabilidade e pressão sobre as margens, que em alguns casos podem ter caído abaixo da média de 5% do setor. “Em alguns casos a margem está em 2% ou 3%”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos (ABTLP), Paulo de Tarso. Um exemplo está no Estado de São Paulo.

Um caminhão de transporte de cloro entre Cubatão e Campinas passou a pagar, desde dezembro, R$ 1600 de taxa de inspeção, ante os R$ 639 cobrados anteriormente. Um caminhão de combustível na região metropolitana passou a ser taxado a R$ 1110, ante os R$ 765 cobrados anteriormente. As taxas são cobradas por organismos particulares credenciados nas principais cidades do país de transportadores de cargas perigosas. Além dos altos preços, há um outro problema: em alguns Estados, não há entidades privadas que façam a inspeção, o que leva os transportadores a ter de atravessar fronteiras para ganhar o aval. “Em Pernambuco, o caminhoneiro tem de ir à Bahia para receber esse aval, o que se tornou mais grave depois da abertura da nova refinaria da Petrobras em Pernambuco.”

Outro aumento de custo recente se deu na cidade de São Paulo, que elevou a taxa de cobrança de R$ 100 para R$ 500 para emissão de licença de transporte de cargas perigosas em São Paulo. A decisão traz a preocupação de que outros municípios também comecem a cobrar taxas seguindo o exemplo da prefeitura paulistana. “A obtenção da licença em São Paulo é complexa, por envolver cada produto transportado; como existe uma lista de mais de três mil deles, dependendo da carga que o transportador levar, isso cria uma dificuldade que cresce em progressão aritmética”, diz Manoel Sousa Lima Junior, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Setcesp).

A licença em São Paulo é uma exceção. Na maioria dos casos, o transportador precisa ter uma licença expedida pelo IBAMA, mas no caso da maior cidade do país é preciso também obter uma licença da prefeitura. Nas contas dele, 56% do faturamento das transportadoras é usado para pagar tributos diretos e indiretos.

“Há uma burocracia muito grande e legislações estaduais e municipais que se sobrepõem à federal, isso traz custos administrativos pesados e ineficiência”, aponta Tarso. Para o presidente da ABTLP, há outra questão: parte da frota dos caminhões que circulam pelas estradas tem mais de dez anos, o que faz com que a inspeção seja feita a cada três meses e não uma vez por ano, como nos veículos mais novos. “Temos empresas com carretas de doze anos de idade média, o que traz um custo a mais, ampliado pela alta dos preços”, destaca.

Grande parte das cargas ainda é transportada pelo modal rodoviário. A cabotagem ganha espaço no transporte, mas sua velocidade de adoção é baixa. As ferrovias ainda enfrentam problemas. Hoje, os trens correm na média a 28 km/h, abaixo dos 40 km/h apurados nos EUA e dos 60 km/h na China. A situação é mais crítica nas regiões metropolitanas das grandes cidades, onde os trens desaceleram para 5 km/h. Mais de 100 mil famílias moram próximas às linhas e há centenas de cruzamentos das ferrovias com trens de passageiros, o que restringe a velocidade.

Fonte: Valor Econômico |  Stiquifar Uberaba

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