Entre procurar trabalho sentado no sofá de casa em São Paulo ou esperar estacionado em terminais e em postos de combustíveis na beira da estrada, o caminhoneiro autônomo Jorge Henrique Bueno, 54, escolheu, há quatro meses, a primeira opção.
Na estrada desde 1979, Bueno estabeleceu uma nova rotina com a ajuda do smartphone e de um dos aplicativos criados para facilitar a negociação entre caminhoneiros e embarcadores (os donos da carga).
O caminhoneiro tem feito mais viagens e reduziu o tempo para encontrar uma nova carga. O resultado é renda mensal até 40% maior.
Esses aplicativos são o equivalente do Easy Taxi e do 99 Taxis para o frete rodoviário – entre os maiores, está a start-up Truck Pad.
O funcionamento é simples: o motorista cadastra dados pessoais e do caminhão, enquanto os embarcadores lançam informações da carga. Quando o caminhoneiro busca trabalho, encontra aqueles compatíveis com veículo e próximos de sua localização.
“Após descarregar, antigamente o caminhoneiro ficava no posto de gasolina esperando oferta de frete de retorno de agenciadores”, lembra Bueno. Agora ele já busca pelo smartphone a próxima carga enquanto o caminhão está sendo descarregado.
Adi Carlos Larini, 59, usa o aplicativo há um ano e, com isso, tem mais tempo para ficar em casa. “Eu trabalho 15 dias e folgo 15.” A burocracia também diminuiu. “Tem a minha vida no aplicativo. O embarcador acessa isso e, quando fechamos o contrato, ele já consultou a seguradora”, exemplifica.
Além de praticidade e da redução de custos, essa plataforma têm potencial para transformar o mercado de fretes, diminuindo a importância do agenciador de cargas, o intermediário, que liga o autônomo aos embarcadores e fica com 6% a 12% do frete pago ao motorista. Mais ou menos como depender exclusivamente do radiotáxi.
O país tem hoje cerca de 1 milhão de caminhoneiros autônomos, segundo a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), principal cliente das novas plataformas.
No TruckPad, são mais de 50 mil caminhoneiros ativos. O presidente-executivo, Carlos Mira, diz, no entanto, que o número não reflete a realidade da empresa. “Há caminhoneiros que não têm o aplicativo e o usam no celular do amigo, no posto”, conta.
O preço dos fretes tem sido pauta de reclamações da categoria, porque os valores de mercado mal cobririam os custos. Na greve realizada em fevereiro, pediram, entre outras coisas, tabelamento do preço do frete e renegociação de financiamentos com o BNDES. Desses, apenas o último ponto foi atendido.
Fonte: Folha de São Paulo
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